segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A anistia é concedida

Notícia do Jornal do Brasil sobre a anistia aos marinheiros

Após as reuniões dos deputados e senadores, o projeto de anistia já estava quase fechado. Mas os senadores Pinheiro Machado e Rui Barbosa protagonizaram um debate sobre a melhor forma de por em prática a anistia. Rui Barbosa achava que o projeto de anistia devia ser votado de qualquer forma, o mais rápido possível, enquanto Pinheiro Machado se recusou a votar no projeto antes dos marinheiros se renderem, pois isso traria o enfraquecimento do governo por se render aos marinheiros com os canhões voltados pra cidade. Esse debate durou toda a tarde e só terminou quando o deputado José Carlos de Carvalho zarpou para os navios para informar aos líderes da Revolta que a anistia estava sendo negociada e que eles deviam enviar uma mensagem de rendição para facilitar o acordo no Senado.

Os marinheiros concordaram com essa situação, porque já haviam conseguido expor seus problemas para a imprensa e a sociedade. Entraram em acordo para o perdão das duas partes: os marinheiros seriam perdoados pela forma como agiram para serem ouvidos, e o governo seria perdoados por eles e teriam que se comprometer a discutir e resolver as péssimas condições de serviço na Marinha. Então enviaram um radiograma para o presidente informando da decisão:

Marinheiros do encouraçado Bahia
"Exmo. Sr. marechal Hermes da Fonseca, presidente da República - Arrependidos do ato que praticamos em nossa defesa, por amor da ordem, da justiça e da liberdade, depomos as armas, confiando que nos seja concedida anistia pelo Congresso Nacional, abolindo como manda a lei o castigo corporal, aumentando o ordenado e o pessoal, não importa, para que o serviço de bordo possa ser feito sem o nosso sacrifício. Ficamos a bordo obedientes às ordens de V. Ex. em quem muito confiamos - Os Reclamantes."

Os marinheiros então resolveram aguardar o resultado do debate sobre a anistia, para que pudessem preparar os navios para serem entregues aos oficiais e saber de suas condições.
Eis o texto da anistia:


Os marinheiros aguardaram a anistia sair no Diário Oficial, para ter a certeza que iam ser respeitados em suas medidas, e garantias de nenhuma punição para eles e que pudessem continuar na Marinha, mas de agora de uma forma mais digna.




MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5ª edição comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008.

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