quarta-feira, 24 de novembro de 2010


Vídeo produzido pelo Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Liberdade e esperança

Manchete do jornal Gazeta de Notícias
João Cândido foi levado para o Hospital dos Alienados em 18 de abril de 1911, por lá ficando por alguns meses fazendo exames psiquiátricos e passando por vários médicos para tentar encontrar algum sinal de loucura dele. Com o tempo, os sinais de estresse pós-traumático que obteve ao ver os seus companheiros morrendo na masmorra da Ilha das Cobras foram passando. Fez amizades com pacientes, teve comportamento normal, e estava em um quarto de frente, bem arejado e com muito sol. Contemplava a enseada de Botafogo e lia alguns jornais. Dois meses depois, recebeu alta hospitalar assinada pelo então diretor do hospital, o Dr. Juliano Moreira

Laudo do Dr. Juliano Moreira
Só que a alta não significou a liberdade. João Cândido foi enviado à prisão da Ilha das Cobras por dois anos. Enquanto esteve lá, teve início o julgamento dos marinheiros que participaram da Revolta e suspeitos de participação da revolta do Batalhão Naval. Eles não tinham advogados, A Irmandade da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos contratou três dos melhores causídicos para a defesa dos réus: Evaristo de Morais, Jerônimo de Carvalho e Caio Monteiro de Barros. Eles entraram em contato com os marinheiros e os encontraram com a saúde abalada, fracos e alguns até com tuberculose. Os advogados aceitaram a causa, mas recusaram o pagamento da Irmandade.

De acordo com o historiador Álvaro Pereira do Nascimento:
"O processo criminal foi aberto. Aproximadamente cem marinheiros foram indiciados, inclusive os dois sobreviventes da Ilha das Cobras, mas muitos deles já haviam conseguido escapar para outras regiões do país. Mesmo assim, a Marinha enviava "mandados de intimação" aos delegados de polícia das principais capitais do país, para que prendessem os "réus" e os extraditassem para a capital. Os mandados de intimação expedidos aos delegados de polícia não alcançaram o resultado esperado e, assim, somente dez marinheiros foram julgados; entre eles, João Cândido, Francisco Dias Martins e Gregório do Nascimento - os líderes da primeira Revolta. Durante dois anos, o Conselho de Guerra - o tribunal militar da Marinha - registrou no processo o depoimento das testemunhas e dos envolvidos." 

O julgamento demorou 48 horas, até que saiu a sentença. Leia o trecho final:

João Cândido após o julgamento
"Considerando, finalmente, que não existe nos autos nenhuma prova de que os réus tenham praticado qualquer ato que, autorizando a suspeita de participação na referida revolta, revista a figura jurídica do art. 93 do Código Militar, e que as faltas que lhes são imputadas constituem simples infrações disciplinares, cujo conhecimento escapa da competência do Conselho de Guerra, art. 219, do Regimento citado, por unanimidade de votos julga não provada a acusação para o fim de absolver, como absolve, os réus João Cândido, Ernesto Roberto dos Santos, Deusdedit Teles de Andrade, Francisco Dias Martins, Raul de Faria Neto, Alfredo Maia, João Agostinho, Vitorino Nicácio de Oliveira, Antônio de Paula e Gregório do Nascimento, ficando, porém, suspensa a execução desta sentença em virtude da apelação necessária, interposta para o Supremo Tribunal Militar, na forma da lei."

João Cândido aproximou-se de Evaristo de Morais e o abraçou como se fosse um irmão. Cumprimentou os advogados Jerônimo de Carvalho e Caio Monteiro de Barros, enquanto os outros companheiros, bem nervosos, se entregavam a justas manifestações de alegria. Foram todos ao encontro de João Cândido e cumprimentaram-no, respeitosamente.

João Cândido vendendo peixe na Praça XV
Mesmo absolvidos, João Cândido e os outros marinheiros foram excluídos da corporação. Perseguido pelos militares, não conseguiu voltar para a Marinha de Guerra, que tanto amava. Tentou entrar na Marinha Mercante, mas quando descobriam quem ele era, João Cândido era "dispensado". 

Casou-se três vezes, teve 11 filhos. Foi morar em São João de Meriti, município da baixada fluminense. Passou o resto de sua vida sustentando sua família vendendo peixe na Praça XV. Em 1953, soube que o encouraçado Minas Gerais ia ser vendido como sucata. Então embarcou em um pequeno barco de pesca e foi até o navio durante a noite, beijando seu casco para se despedir. Depois continuou sua vida simples, até que em 1969 se sentiu mal e foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, onde viria a falecer de câncer, aos 89 anos de idade. Faleceu magoado com a Marinha, mas ainda assim muito grato a ela.

"Entrei na Marinha bisonho, e toda luz que me iluminou e me ilumina, graças a Deus, que é pouca, foi adquirida, posso dizer, na Marinha."



MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5ª edição comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Prisão e agonia

João Cândido saindo escoltado do Hospital Central do Exército
Os anistiados de novembro de 1910 foram considerados coparticipantes da segunda revolta, mesmo que não tivessem tomado parte na revolta do Batalhão Naval. No dia que estourou a segunda revolta, os oficiais, ao ouvirem os primeiros tiros da Ilha das Cobras, abandonaram seus respectivos postos, arriaram os botes e zarparam para terra. João Cândido estava no Minas Gerais e decidiu assumir o navio, levando-o para longe da linha de tiroteio. Após a rendição ao governo em 26 de novembro, o grupo formado por João Cândido, Francisco Dias Martins, Manoel Gregório, André Avelino e outros parece ter perdido a unidade de liderança frente a todos os marinheiros.

A repressão começou no dia seguinte ao levante no Batalhão Naval. Assim que pôs os pés em terra, João Cândido foi preso sob a acusação de ter movimentado o Minas Gerais. Assim como o líder do Minas Gerais, centenas de outros começavam a ser presos e a lotar a Casa de Detenção, quartéis do Exército e da polícia, assim como o presídio da Ilha das Cobras. Isso tudo já na manhã do dia 11 de dezembro. Antes de se julgar qualquer ex-amotinado, a Marinha já começava a puni-los. Centenas de marinheiros foram deportados para o Pará nos porões do paquete Satélite. A viagem, contudo, terminaria no Acre, onde foram  oferecidos para o trabalho nos seringais e na abertura da ferrovia Madeira-Mamoré. a polícia, a Marinha e o Exército aproveitaram a mesma viagem do Satélite para "limpar" a cidade, extirpando todos aqueles que representassem ameaça à ordem e à disciplina: marinheiros, soldados, presos e presas civis. Porém, antes de chegarem ao destino, alguns marinheiros foram fuzilados sob a acusação de estarem tramando uma revolta a bordo do Satélite.

Mapa antigo da Ilha das Cobras
No dia 22 de dezembro, chegavam ao presídio da Ilha das Cobras o marinheiro João Cândido e outros que passariam a noite numa das piores celas daquela instituição. Essa cela era remanescente do período colonial, estava encravada nas pedras da ilha, o que impedia a entrada de luz natural e maior circulação de ar. Uma pequena cela para 18 homens. Todos morreram sufocados por causa da inalação do pó da cal usado para desinfetar o local. Somente João Cândido e o marujo João Avelino Lira sobreviveram. João Cândido relata essa experiência:

"A prisão era pequena e as paredes estavam pichadas. A gente sentia um calor de rachar. O ar, abafado. A impressão era de que estávamos sendo cozinhados dentro de um caldeirão. Alguns, corroídos pela sede, bebiam a própria urina. Fazíamos as nossas necessidades num barril que, de tão cheio de detritos, rolou e inundou um canto da prisão. A pretexto de desinfetar o cubículo, jogaram água com bastante cal.

Havia um declive e o líquido, no fundo da masmorra, se evaporou, ficando a cal. A princípio ficamos quietos para não provocar poeira. Pensamos resistir os seis dias de solitária, com pão e água. Mas o calor, ao cair das dez horas, era sufocante. Gritamos. As nossas súplicas foram abafadas pelo rufar dos tambores. Tentamos arrebentar a grade. O esforço foi gigantesco. Nuvens de cal se desprendiam do chão e invadiam os nossos pulmões, sufocando-nos. A escuridão, tremenda. A única luz era um candeeiro a querosene. Os gemidos foram diminuindo, até que caiu o silêncio dentro daquele inferno, onde o Governo Federal, em quem confiamos cegamente, jogou dezoito brasileiros com seus direitos políticos garantidos pela Constituição e por uma lei votada pelo Congresso Nacional. Quando abriram a porta já tinha gente podre. O médico do Batalhão Naval, um homem muito querido, o Dr. Guilherme Ferreira, negou-se a fornecer os atestados de óbito como morte natural. Retiraram os cadáveres e lavaram a prisão com água limpa, e nós dois, os únicos sobreviventes, fomos metidos, novamente, na desgraçada prisão. Lá fiquei até ser internado como louco no hospício.

Um dia o carcereiro abriu a porta e disse que eu iria sair. Colocaram-me dentro de um carro. Fui acompanhando o trajeto. A princípio passei pela avenida Beira-Mar, veio Botafogo e, na Praia Vermelha, o veículo entrou num velho casarão. Era o Hospital dos Alienados, onde fui jogado como doido varrido. Depois da retirada dos cadáveres, comecei a ouvir gemidos dos meus companheiros mortos, quando não via os infelizes, em agonia, gritando desesperadamente, rolando pelo chão de barro úmido e envoltos em verdadeiras nuvens de cal. A cena dantesca jamais saiu dos meus olhos."



MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5ª edição comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008.

Nova revolta, novos problemas

Marinheiros sendo escoltados para a prisão
Após a expulsão da Marinha, muitos marinheiros foram presos. As justificativas de que estavam organizando uma nova revolta fez com que eles fossem perseguidos e presos e anulando todas as questões de anistia. Tudo gerado pelo medo dos oficiais que temiam um novo levante, já que até aquele momento não havia sido feita nenhuma mudança nos códigos da Marinha, era um acerto de cumprimento da Constituição pelo fim dos castigos corporais. Mas os boatos de que algo aconteceria em breve não tardaram a ficar mais fortes. Havia, inclusive, um boato de que o Exército invadiria os navios a fim de auxiliar oficiais da Marinha de Guerra na vingança aos oficiais mortos do 22 de novembro. Segundo o capitão Anthero José Marques, que na época havia sido sargento do batalhão, aconteceu o seguinte:

"No dia 29 de novembro começaram a circular boatos de nova sublevação nos navios e também no Batalhão Naval. No dia 2 de dezembro a polícia efetuou a prisão de 8 marinheiros e um soldado naval, que se achavam conspirando em uma casa, na rua do Lavradio. No dia 4, foram presos pela polícia mais 22 marinheiros, que se achavam reunidos em uma casa, na Piedade. Pelo inquérito a que essas praças responderam, ficou apurado tratar-se de nova revolta a bordo dos navios, na qual o Batalhão Naval tomaria parte. No dia 5, foi ordenado no Batalhão Naval rigorosa prontidão, recolhendo-se ao quartel os destacamentos que estavam e que não eram necessários."

Batalhão Naval
O Batalhão Naval, estabelecido na Ilha das Cobras, era vinculado à Marinha mas respondia a outros regulamentos. Nele, havia soldados - e não marinheiros - que tinham sobretudo a função de infantaria. O Batalhão era responsável pela vigilância das dependências e navios da Armada. Mas às 22:30 do dia 9 de dezembro, foi ouvido o toque de corneta de "Batalhão Naval, avançar". Iniciava-se a segunda revolta, agora na Ilha das Cobras, e em meio a soldados do Batalhão. O líder desta revolta, Jesuíno da Lima Carvalho, apelidado de "Piaba", ordenou que os flancos fossem guarnecidos, que arrombassem o paiol e distribuíssem o armamento, que libertassem todos os presos e os armassem e, finalmente, tomou posse do telégrafo para manter um canal de comunicação com os anistiados em novembro e o próprio governo. A ideia era evitar uma invasão das forças do Exército.

Os amotinados mandaram radiogramas para o encouraçado Minas Gerais e para o presidente da República, dizendo "que tinham se revoltado porque os oficiais pretendiam com forças do Exército apoderaram-se do Batalhão para abordarem o Minas Gerais". O levante no Batalhão Naval não procurava validar reivindicações como em novembro, nem pôr o governo contra a parede. Na verdade, surgiu como reação à possibilidade de os oficiais alcançarem os intentos veiculados nos boatos espalhados pelos capitães tenentes Radamante e P. Rocha. Piaba e os demais cabeças parece terem agido em defesa do governo e dos marinheiros anistiados, impedindo que os oficiais se unissem ao Exército e cometessem um atentado contra a ordem republicana: ir a bordo do Minas Gerais e degolar todos os marinheiros que se achavam por terem esses assassinado o comandante Batista das Neves.

A troca de tiros e os gritos de "Viva a Liberdade" foram novamente repetidos pelos soldados do Batalhão. Os marinheiros que haviam se amotinado em novembro não os apoiaram. O Batalhão Naval ficou só e, sendo um alvo fixo, não foi difícil destruí-lo. As barricadas foram montadas e espalhadas rapidamente pela beira da praia, da praça XV de Novembro ao Mosteiro de São Bento. Com o auxílio do Exército, os oficiais da Marinha já estavam preparados para realizar o intenso bombardeio que praticamente destruiu a maior parte das instalações da Ilha das Cobras, causando inúmeras mortes. Dessa vez, não houve negociação. Esmagada a revolta do Batalhão Naval, foi decretado o estado de sítio. Com esse instrumento, o governo Hermes da Fonseca pôde então agir com toda a liberdade para destruir qualquer foco de rebeldia na Armada. Começou, assim, a perseguição a todos os marinheiros e soldados suspeitos.



MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5ª edição comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008.

Tensão, traição e expulsão

Marinheiros do encouraçado São Paulo
Após a anistia ser concedida e o trabalho voltar ao normal nos navios (apesar do clima de desconfiança entre marujos e oficiais). Mas a pressão de alguns setores da sociedade e da imprensa, que publicava charges e notícias sobre a "rendição" do governo para marinheiros começou a incomodar o presidente Hermes da Fonseca e o ministro da Marinha Joaquim Marques Batista de Leão. Nos primeiros dias após a Revolta dos Marinheiros, ele começou a articular mudanças na Marinha. A primeira decisão do ministro foi, ainda no dia 27 de novembro, ordenar o desarme dos canhões dos navios que se rebelaram. Isso fazia com que os marinheiros não pudessem mais ameaçar o país para exigir qualquer coisa. 

Mas no dia seguinte, a publicação do decreto nº 8.400 aumentou o pânico entre os marujos:

"Atendendo ao que lhe expôs o Ministro de Estado dos Negócios da Marinha, resolve autorizar a baixa, por exclusão, dos praças do Corpo de Marinheiros Nacionais, cuja permanência se torna inconveniente à disciplina; dispensando-se a formalidade exigida pelo artigo 150 do Regulamento anexo ao decreto nº 7.124, de 24 de setembro de 1908, e revogando-se as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1910. 89º da Independência e 22º da República. Hermes Rodrigues da Fonseca - Joaquim Marques de Leão."

Charge de Hermes da Fonseca assinando a anistia
Isso atingiu diversos marinheiros, a ponto que os navios ficaram sem  pessoal para manutenção. Foi preciso recrutar portugueses em vários pontos da cidade até que os novos marujos, vindo das Escolas de Aprendizes da Marinha pudessem assumir seus postos. Até 31 de dezembro daquele ano, 1216 praças foram atingidos por esse decreto de expulsão. Eles não foram expulsos de uma vez, porque isso chamaria muito a atenção para a quebra da anistia feita pelo governo. Então, enquanto centenas de marinheiros anônimos começavam a sair da Marinha de Guerra, outros de maior destaque na imprensa e entre os colegas, como João Cândido, Francisco Dias Martins e Gregório do Nascimento, continuaram a frequentar os conveses do Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro.

A Revolta fora uma alta insubordinação, a quebra do principal alicerce do militarismo: o respeito e a sujeição à hierarquia militar. Os militares estavam com receio daqueles marujos que já não iam mais aceitar os castigos como forma de punição. Esse decreto foi criado para retirar da Marinha de Guerra os marinheiros que se tornaram conscientes da sua posição na relação com seus superiores hierárquicos, das condições materiais de trabalho e do poder que tinham quando se organizavam. Na visão dos oficiais, retirar esses indivíduos dos conveses e quartéis era fundamental para a vigência da hierarquia militar.

Sem armamentos para reagir à nova lei, os excluídos começara a arrumar seus sacos de marinheiros e a abandonar os navios e quartéis da Marinha de Guerra... mas seus destinos ainda não estavam totalmente definidos.



MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5ª edição comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008.